quinta-feira, 15 de outubro de 2009
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Psicomagia
A editora Devir, acabou de lançar no Brasil o livro: Psicomagia, de Jodorowsky.
Recomendo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Psicomagia é o nome que o escritor chileno dá a uma técnica por ele criada e exercida de suposta cura espiritual. A técnica se baseia na premissa de que o inconsciente aceita os atos simbólicos como se fossem acontecimentos reais de modo que um ato mágico-simbólico-sagrado poderia modificar o comportamento do inconsciente e, portanto, se bem aplicado, curar certos traumas psicológicos. Estes atos são criados sob medida e são prescritos depois que o psicomago analisa as peculiaridades pessoais do consulente e estuda sua árvore genealógica.
A técnica é uma mistura de arte, psicoterapia moderna, filosofia oriental (em particular o zen budismo), misticismo, culturas antigas em geral, reencarnação, gnosticismo e Nova Era com uma influência especial de autores como Gurdjieff e Carlos Castaneda.
Na terapia psicoanalítica se tentaria traduzir a linguagem dos sonhos que pertencem ao inconsciente; mas, segundo Jodorowsky o inconsciente não é traduzível, ele é totalmente caótico, por esse motivo, o inconsciente não seria capaz de adotar uma expressão racional. Na psicomagia se propõe que se utilize o caminho inverso na comunicação consciente-inconsciente, que seja a parte racional das pessoas a aprender a linguagem do inconsciente.
A psicomagia parte do pressuposto de que em toda enfermidade há uma proibição (o sujeito é proibido de ser o que é), uma falta de consciência (o sujeito não se dá conta do que é) ou uma falta de beleza (quando perde a beleza espiritual, a pessoa adoece).
Segundo Jodorowsky, a psicomagia não pretende ser uma ciência e sim uma forma de arte que possui virtudes terapêuticas.
Vale lembrar que o conceito de arte de Jodorowsky é bastante particular. Para ele a finalidade da arte é curar.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Pedras do caminho 76-80
As batidas
nascem antes
que o coração
77.
Tudo está aqui
não há causa nem efeito
isto é sempre
78.
Ano novo
Meu passado inteiro
se resume
em um grito
79.
O que sou aqui
é tudo que sou
80.
Folhas secas outono
Alegria alegria
ainda não perdi
os desejos
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Pedras do caminho 71-75
Enquanto meu corpo está
no fundo do abismo
dou saltos mortais com minha alma
72.
Quando a fonte secar
construirás palácios com a sede
73.
O sentido da vida?
Nada mais é que
uma cobra
que nunca cessa
de mudar de pele
74.
O ideal mais nobre
converte-se em alimento
75.
A finalidade de um ovo
não é criar um frango
é criar uma consciência
terça-feira, 14 de julho de 2009
Pedras do caminho 66-70
Também sou
o que não sou
me dizes tu
67.
Não quero ataduras
não quero espelhos
Marchemos juntos
até o mesmo sacrifício
68.
Sempre existe
a possibilidade
de ficar pior
69.
Nada acontece
nesse instante
que não contenha o todo
70.
A pata da eternidade
esmaga minha consciência
como a uma formiga
sexta-feira, 8 de maio de 2009
domingo, 19 de abril de 2009
quinta-feira, 9 de abril de 2009
Pedras do caminho 61-65
Sonhando em ser farol
cavo para enterrar-te
debaixo de minha sombra
62.
Nuvens que o vento leva
viram morrer tanta gente
Hoje é o último dia
de minha futura vida
63.
Como neve
em um vaso de prata
se dissolve o que lhe havia dito
64.
Ainda que já não vivas
voltarei
em busca de tua ausência
65.
Nunca estive sozinho
Simplesmente
porque nunca estive
terça-feira, 17 de março de 2009
segunda-feira, 16 de março de 2009
Pedras do caminho 56-60
Afundo a cara no mundo
como se fosse minha máscara
57.
Quantos anos
tem o céu?
Já não me sinto velho
58.
As maças do medo
não tem sementes
59.
As dores do passado
me permitiram
chegar a mim
60.
Venho de muitos poços
Morro cada segundo
sem nunca haver nascido
quinta-feira, 12 de março de 2009
Pedras do caminho 51-55
Ainda que não tenhas nada
se ti tens
tens tudo
52.
Como os gatos
acaricio com ternura
minhas emoções negativas
53.
Meus olhos se elevaram
trinta centímetros
por cima de minha cabeça
54.
Preimeiro dia de primavera
Meu corpo grita
Não quero morrer!
55.
Ir como vento
com uma voz de água
quinta-feira, 5 de março de 2009
Cabaré Místico p. 123
sábado, 21 de fevereiro de 2009
Pedras do caminho 46-50
Aproxima tua boca de minhas cinzas
Sopra
De ti depende o renascer das chamas
47.
O que aqui lês
ninguém escreveu
48.
Sem conhecer
te amei
desde antes de nascer
49.
Quero ser o que sou
dentro de tua mente
50.
Pedras de rio
pulo as palavras
porém não as crio
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Pedras do caminho 41-45
Um dia
terás os meus ossos
em tuas mãos
42.
Ainda que te partas
não te perco
Vives em meus sonhos
43.
Cairás
até chegar
em cima
44.
Se só Deus
me vê tal qual
qual de meus quais
me vejo?
45.
Como um gato
que perdeu suas garras
trato de caçar minha verdade
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Pedras do Caminho 35-40
Por uma instante
a mariposa
que arde em minha lâmpada
se fez ouro
36.
Vou aonde me levam meus pés
diz minha boca
porém não sou nem eu quem fala
nem quem anda
37.
Se cava igualmente
para plantar uma árvore
ou enterrar um filho
38.
Não me mostre a luz
tenho sede
de sua sombra
39.
Abismo
que parece corpo
te acaricio
40.
Cada vez que nos vemos
entramos
no silêncio dos relógios
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Cabaré Místico 2

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Pedras do caminho 31-35
Sombra vazia
avanço
pelo caminho
dos sonhos
32.
Dias inteiros sem conseguir o que desejo
Tratei de apagar minhas pegadas
33.
Me dê
tuas imperfeições
com elas me conformo
34.
Como o perfume de uma flor
teu corpo emana pensamentos
Abaixo da carne mulher
é vermelho teu esqueleto
35.
Por um instante
a mariposa
que arde em minha lâmpada
se faz de oro
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
domingo, 1 de fevereiro de 2009
Pedras do caminho 26-30
Felicidade
flôr que murcha
agradecendo
27.
Cada uma de minhas feridas
criou uma pérola
28.
Ainda que digas
que és minha
continuo tratando
de chegar a ti
29.
Muda cada dia
meu amor por ti
porém nunca termina
30.
Como uma árvore
guardo em anéis secretos
minhas velhas feridas
sábado, 31 de janeiro de 2009
Pedras do caminho 21-25
O que significa o eterno
sem teu olhar fugaz?
Tal como és
sem mais nem menos
22.
Árvore de sombras
nem "eu" nem "meu"
Silêncio doloroso
que chamo Poesia
23.
A morte não te eliminou
te trasnformou
A dor diminui
o amor cresce
24.
Se falo
crio futuros
Se calo
o presente é eterno
25.
Frente a frente
você e eu
como para sempre
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Cabaré Místico

"O MAGO QUE FILMA"
Alejandro Jodorowsky: Não me dediquei só ao cinema, os caminhos da arte são muitos. Quando se acredita no que se faz, o tempo não conta, nem a morte. Uma paciência infinita passa a habitá-lo. Não me doeu ser ignorado, não me alegra ser reconhecido.
CC: El Topo é tido como um precursor do cinema de baixo orçamento. Diz-se que abriu caminho para nomes como o do cineasta David Lynch. Concorda com isso ou lhe parece soberba?
AJ: Concordo. El Topo inaugurou uma forma de cine independente que se chama midnight movies. Isto está inscrito na história do cinema. Respeite-me, por favor.
CC: É verdade que recomenda estar sob o efeito de alguma droga para assistir a El Topo?
AJ: Eu não me drogo nem recomendo drogar-se. O que aconteceu nos anos 60 é que todos os jovens americanos fumavam maconha. À meia-noite, quando exibiam meu filme no Teatro Elgin, a sala estava submersa em uma nuvem de fumaça de marijuana. Quando estreou A Montanha Sagrada (1973), não havia fumaça, mas não porque não estivssem drogados, e sim porque então consumiam cocaína e LSD.
CC: Quais foram as suas maiores influências?
AJ: Sou um grande espectador de cinema. Vejo toda noite pelo menos um filme e, tem sido assim durante quase meio século. Admiro não só Federico Fellini, Luis Buñuel e Glauber Rocha, como também muitos outros, ocidentais e orientais. Mas nenhum deles me influenciou. Quis ser diferente de todos e fui.
CC: O senhor ainda usa o método Arica para preparar os atores, com ioga, zen-budismo, tarô, I Ching e drogas alucinógenas? Ou isso faz parte da sua lenda?
AJ: Faz parte da lenda. Houve uma época em que acreditei vencer o ego dos atores. À custa de grandes problemas, me dei conta de que o ego de um ator, além de cheirar mal, é indestrutível. Não há método, por mais sábio que seja, que possa arrancar os atores de seu umbigo.
CC: O senhor diz que seus filmes falam de um inconsciente a outro. Como isso é possível?
AJ: É algo que se realiza para lá do intelecto. Não se trata de palavras, mas de sensações inefáveis. Como quer que explique?
CC: Li em um artigo chileno que alguns o consideram um mestre e outros um louco de dar nó... E o senhor, que pensa de si mesmo?
AJ: Para que Jodorowsky pensasse algo sobre Jodorowsky teria de dividir-se em dois: o que pensa e o que é pensado. Na verdade, sinto que sou um. Portanto, não sei quem sou.
CC: Como anda seu novo filme, King Shot (previsto para 2009)? Do que se trata?
AJ: Quatro produtores, um canadense, um espanhol, um francês e um sérvio, me pagaram um dólar pela preferência, até setembro, de produzir King Shot. É um spaghetti-gângster metafísico. O cinema vive de projetos que nunca se realizam, mas também existem os milagres.
CC: Do que vive o senhor? Dos quadrinhos, livros, filmes ou das conferências que faz sobre psicomagia e criatividade?
AJ: Não seja indiscreta. Não meta o nariz nos meus bolsos.
CC: Que valor o senhor dá ao dinheiro?
AJ: Muito menos do que a senhora dá a ele.
CC: E a política, lhe interessa?
AJ: Nunca acreditei nas revoluções políticas, sempre nas re-evoluções poéticas.
CC: A psicomagia é a sério ou é uma brincadeira?
AJ: Não banque a jornalista cínica. A senhora sabe muito bem que a psicomagia é uma técnica terapêutica que curou, grátis, uma grande quantidade de pessoas. Está me confundindo com um farsante? Escreveria livros, traduzidos em vários idiomas, só para brincar? Não fique chateada, mas devo dizer-lhe que, a propósito das coisas mais sérias e honradas, as crianças e os ignorantes riem.
CC: Ainda faz cirurgias psicoxamânicas?
AJ: Em muito poucas ocasiões. Agora quem as faz é meu filho, Cristóbal, que acaba de publicar um livro, O Colar do Tigre, narrando essas experiências incríveis.
CC: No documentário feito sobre o quadrinhista Moebius (Moebius Redux), o senhor diz que Stan Lee, criador do Homem-Aranha, é apenas um comerciante, e que os Estados Unidos não o interessam em nada. Nem a geração beatnik?
AJ: Os poetas beatniks foram interessantes por ser os primeiros a sair do armário e proclamar sua homossexualidade. Atualmente, essa poesia está caduca pelo excesso de conteúdo político. Desgraçadamente, a hipócrita economia norte-americana converteu-se no câncer do planeta.
CC: O senhor está bem conservado aos 78 anos, parece mais jovem. Qual é o segredo?
AJ: Confesso que, em fevereiro, vou fazer 79... O segredo é não se aferrar a hábitos, a dependências ou a idéias. Ser um aluno constante, aprendendo sem cessar. E, sobretudo, desenvolver a atenção. É ali, onde centramos a antenção, que nascem o amor e a magia, ou seja, a energia vital.
"De Paris, Jodorowsky falou por e-mail a CartaCapital" edição 471 de 17 de novembro de 2007 por Cynara Menezes
domingo, 25 de janeiro de 2009
Pedras do Caminho 16-20
Tanto é o que é
como o que não é
Não há onde não estas
17.
Vida após vida
avanço até minha origem
Minha pátria são meus sapatos
18.
Não estou vou
No entanto
não vou estou
19.
Minha consciência
vaga-lume
na escuridão infinita
20.
Se não me amas
não é meu problema
É teu problema
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Pedras do Caminho 11-15
Enquanto te acaricio
te vejo envelhecer
Amo as duas
a ti e a tua morte
12.
Se mudas
o mundo muda
Sem ti é um olho vazio
13.
Cada noite rezo
para conseguir a força
de parar de rezar
14.
Deixa que eu me dissolva em sua memória
para adoçá-la com meu esquecimento
15.
Não quero que me ames
quero que ames
Os incêndios não tem dono
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Pedras do caminho 6-10
Quanto
há que desejar de ser
para ser?
7.
Se te pedem mais
teria que dar mais
e já não resta nada.
8.
Os limites
com que me vês
me permitem ver-me.
9.
Cada palavra
é um deus
quando silencio.
10.
O que te dou
me dou
o que não te dou
retiro de mim.
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Pedras do caminho
Para quem quiser o original é: Jodorowsky, Alejandro. Piedras del camino. Ediciones Obelisco, Barcelona, Espanha, 2004.
Epigrafe de Ejo Takata:
"Uns vão, outros vem,
eu sou uma pedra no caminho."
1.
Quarto abandonado
casa sem dono
o vazio espreita
sob minhas palavras
2.
Como um cego
que encontrara
um tesouro no lixo
devo atravessar o inverno