Blog dedicado a Alejandro Jodorowsky com traduções de seus textos.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

O cinema de Jodorowsky e seus símbolos


Segue texto de Jules Siegel (Originalmente publicado na revista Show, dezembro de 1973, pp. 20-29. Traduzido do inglês por Luiz Carlos Oliveira Jr.)

Num dia escuro e nublado no início de 1972, o néon reluzente de um redemoinho de cor, som e movimento circulou através e ao redor do distrito comercial perto do centro da Cidade do México. Alejandro Jodorowsky estava rodando uma das cenas de abertura de A Montanha Sagrada, um filme baseado em A Subida do Monte Carmelo, de São João da Cruz, e O Monte Análogo, de René Daumal. Trata-se de um filme sobre a busca do homem pela iluminação.   

Os filmes mexicanos raramente tinham sido famosos pela excelência artística ou comercial, mas este estava sendo seguido com um grande interesse por parte da comunidade cinematográfica internacional. Allen Klein, empresário dos Rolling Stones e de três dos Beatles, tinha posto $750.000 como financiamento inicial. O orçamento projetado era de $1.500.000, não muito se comparado ao parâmetro de Hollywood, mas a maior produção na história da indústria cinematográfica mexicana. Alejandro Jodorowsky, nascido no Chile, tinha trabalhado com Marcel Marceau em Paris, escrevendo duas das peças mais conhecidas do mímico, The Mask Maker e The Cage. Mais tarde, no México, ele dirigiu mais de cem peças, muitas delas para a televisão nacional, e se tornou uma grande celebridade no mundo da língua espanhola por suas radicalmente abrasivas performances teatrais. Seu primeiro filme, Fando e Lis, foi denunciado no Festival de Cinema de Acapulco em 1968 como “corrosivo e corruptor”. Ele foi exibido apenas durante um breve período nos Estados Unidos e nunca foi distribuído comercialmente no México.     

Seu segundo filme, El Topo, começou sendo exibido em sessões à meia-noite em Nova York no Ano Novo de 1971, no Elgin, uma sala não muito em voga consagrada à língua espanhola no bairro de Chelsea. Havia quase nenhuma propaganda, mas logo longas filas começaram a se formar. Muitos dos espectadores voltavam repetidas vezes. Algumas poucas críticas e entrevistas fortemente favoráveis apareceram na imprensa underground. Rapidamente o establishment começou a tomar nota. Não era algo com que pudessem lidar confortavelmente. El Topo era indescritivelmente estranho, diferente de tudo que qualquer um tinha visto antes.

Resumir sua história é meio como tentar fazer a sinopse de The Faerie Queen ou Pilgrims Progress, dois clássicos trabalhos numa tradição similar de complexidade alegórica. Essencialmente, El Topo é a história de um heróico cowboy progredindo ao longo de uma paisagem de confrontações com outros heróis, que são todos derrotados por ele. Depois ele vai até um mestre Zen com um puçá de apanhar borboleta e acaba derrotado.

O macho cowboy vestido de preto renasce como um simples dançarino doido que vive numa caverna com corcundas, aleijados, anões e outros rejeitados pela sociedade. Ele se apaixona por uma mulher minúscula. Eles saem da caverna e exibem danças cômicas numa cidade próxima. Há uma outra confrontação heróica e o dançarino doido mata todos seus inimigos e depois se queima vivo em uma cena chocantemente realista que lembra aqueles monges vietnamitas. (O efeito foi criado enxertando um esqueleto com carne de boi e tacando gasolina nele.) Em 1971, o New York Times publicou, em separado, três críticas de El Topo que eram mutuamente contraditórias. Vincent Canby achou que o filme era trabalho de um presidiário. Peter Scheidahl chamou-o de “uma alegoria vastamente complexa e profundamente cômica”. Roger Greenspun não pretendeu entender o filme mas supôs que ele provavelmente era muito menos pretensioso do que seus amigos estavam lhe dizendo. A coisa mais importante sobre El Topo foi que ele custou menos de $400.000 para ser produzido. Sua bilheteria ao redor do mundo é dada como próxima de $10 milhões. Grandes lucros sempre transcendem a crítica. Uma nota de pé de página no roteiro explica que El Topo significa topeira em espanhol, uma criatura que cava túneis na terra buscando pelo sol, atinge a superfície e fica cega. Steve Fuller, que chamou El Topo de “obra-prima” em Changes, comentou: “No fim das contas, El Topo é um homem que é cegado pelas descobertas... experimenta a luz branca e não mais precisa de seu corpo e, portanto, progride para um plano espiritual mais elevado”.   

A Montanha Sagrada é a continuação desse tema. A sinopse oficial descreve o filme desta forma: nove dos mais poderosos industriais e políticos dos planetas desejam obter a imortalidade. Um Alquimista lhes fala da Montanha Sagrada da Ilha de Lótus, onde moram nove imortais, que agora têm mais de 30.000 anos. “Alguns homens juntam forças para assaltar bancos e roubar dinheiro”, o Alquimista conta. “Devemos unir nossas forças para assaltar a Montanha Sagrada e roubar desses homens sábios o segredo da imortalidade. Mas para conquistar o segredo dos imortais, nós também devemos nos tornar homens sábios.” O Alquimista os leva em uma peregrinação, praticando várias formas de exercícios espirituais e visitando vários mestres até que eles encontrem a iluminação. No desfecho, eles acham os imortais e o segredo lhes é finalmente revelado.      

Alejandro, é claro, interpreta o Alquimista. Essas primeiras cenas no México não o incluem, mas se focam num personagem não mencionado na sinopse, o Ladrão, que vaga por uma série de episódios emblemáticos das doenças da sociedade moderna, acompanhado por um pequeno homem sem braço e sem perna.  

Nossa Senhora de Montserrat era uma locação marcantemente poética, sua abóbada rachada como um crânio de pedra fraturado com cavidades vazias que algum dia contiveram olhos de vitrais brilhantes. O lugar não é mencionado em nenhum dos manuais ingleses populares, mas um documento nos arquivos da seção Monumentos Coloniais do Departamento de História e Antropologia do governo mexicano revela que ele data de 1884 e foi começado com fundos doados aos monges beneditinos por colonos catalães que tinham se livrado de uma praga milagrosamente, após rezar pela Virgem de Montserrat.           

Para a filmagem de A Montanha Sagrada, o pátio da igreja estava coberto com lona branca e uma banda mariachi tocava enquanto os pedreiros pacientemente martelavam blocos de pedra para a restauração. Uma multidão de pessoas bisbilhotava da rua, onde dois grandes trailers soltavam tentáculos negros de fios de energia elétrica. Eles estavam assistindo a 50 jovens soldados de uniforme cinza com máscara de gás e capacetes e rifles dançando solenemente, cada um nos braços de um parceiro masculino vestido com roupas comuns de trabalho. Dentro da igreja, fora da visão dos homens dançando, um soldado e um trabalhador estavam encostados à parede se abraçando apaixonadamente. No final do santuário abaulado havia um altar de pedra arrumado com uma mesa de comunhão dourada e uma antiga Bíblia em cujas páginas abertas rastejavam vermes gordos rosados. Uma rede empoeirada de teias de aranha pendia de todo o cenário como se estivesse acumulada por séculos de tempo imemorial.

Na outra extremidade, uma cama de bronze jazia parcialmente enterrada no chão de terra, com uma coruja viva repousando na sua cabeceira. Um jovem ator semi-nu, Horacio Salinas, “Lacho”, rastejou pelo chão arrastando um Jesus de gesso em tamanho real que ele colocou em cima do altar. A imagem tinha seu rosto e seu corpo. Ele rastejou de volta à cama, lentamente tirou a coberta, revelando um velho homem grisalho em trajes pretos de bispo dormindo nos braços de um outro Jesus de gesso em tamanho real.     

O bispo acordou irado, gritando em espanhol, “Este não é seu Cristo! É meu Cristo!”. Ele levantou respirando com dificuldade, puxou o Jesus do altar e o substituiu com o seu. De repente, um homem de terno marrom apareceu no centro do recinto, reclamando furiosamente em espanhol. Ele parecia um militar em roupas civis. “Pare!”, ele gritou. “Você está fazendo uma missa negra! Isso é trabalho do Diabo, blasfêmia e imundice! Não deixarei vocês hippies e homossexuais profanarem este lugar sagrado mais um minuto sequer! Parem ou matarei vocês!”. Esse era o Presidente da Sociedade dos Charros, um grupo de senhores tradicionalmente ricos que eram donos da igreja. Eles tinham sem querer cedido Nossa Senhora de Montserrat à Producciones Zohar, para um dia de filmagem de A Montanha Sagrada. Entre Jodorowsky e o charro houve uma grande discussão em espanhol rápido, eloqüente e ofensivo. O diretor explodiu. O charro entrou em colapso. Empresários e amigos ofereciam palavras apaziguadoras. O capitão da polícia intercedeu pela produção, elegantemente polido como um policial na capa de um romance espanhol, fumou um cigarro sem nenhuma expressão particular e cochichou para o charro, que então saiu irritado.          

Durante esse encontro, Lacho, o ator nu, pacientemente se apoiou alternadamente em seus pés descalços. Ele tinha interpretado a cena no mínimo por uns 20 minutos. Estava escurecendo lá fora e seus pés estavam dormentes por conta do chão frio e úmido. Ele estava entrando num estado de agonia física controlada, como Cristo aproximando-se da Cruz. Mais uma vez as luzes se acendem. Mais uma vez a cena com o bispo foi repetida. Em seguida o set foi mudado. Dessa vez o bispo empurrou Lacho até a porta, e depois atirou o Jesus de gesso na direção dele.   

Enquanto o crepúsculo adensava e condensava em noite líquida, Lacho abraçou a imagem e começou a comer seu rosto, lenta e amorosamente, mastigando pedaços grandes e macios e então engolindo agradavelmente. “Corta”, gritou Alejandro. As luzes se apagaram. Mais um dia de filmagem de A Montanha Sagrada tinha terminado. “Até agora nesse filme, eu estive em três locações e fui expulso de todas”, Alejandro disse alegremente. “Isso é o México”, disse Valerie, sua namorada há dez anos, mãe de seus três filhos. “Odiamos o México. Cagamos pro México.” “Ela diz isso porque ela é mexicana”, Alejandro comentou. “Você não pode dizer que odeia o México. Não é o México. É o planeta. Não existem países. Isso é uma idéia. Não há culturas. Isso é uma idéia. Toda cultura é a continuação de outra. Há tantos conceitos que devemos mudar. Quando aquele Marco disse pra mim: ‘Eu vou te matar”, eu disse ‘Ok, me mate, mas eu vou matar você’. E ele ficou com medo, porque eu realmente quero matá-lo, quebrar todos seus ossos, milímetro por milímetro – não os ossos do corpo, os ossos da mente. Precisamos matar algum espaço mental. Precisamos matar para sobreviver, destruir mentes. Quando eu digo ‘destruir’, digo abrir. Devemos abrir espaço para uma nova vida. Sempre estou tendo cenas de morte e sempre estou colocando nova vida em lugares mortos e coisas mortas. Não sei por quê. Talvez eu seja um profeta. Eu realmente espero que um dia venham Confúcio, Mohammed, Buda e o Cristo para me ver. E então sentaremos a uma mesa, tomando chá e comendo alguns brownies, que tal? E terei um dia bom. Você está com fome, Lacho?”, Alejandro perguntou carinhosamente. “Venha comer conosco”. “Não estou com fome”, disse Lacho. “Eu comi o Jesus. O que era eu não sei. Era doce como pão, mas não era pão. Nunca tinha provado nada assim. Sua voz era repleta de uma satisfação latente que era verdadeiramente religiosa em sentimento. “O que era isso que comi, Alejandro?”. “Não sei. Taicher é quem fez. É um milagre, não?”. O rosto do Jesus era feito de pasta de amêndoa, mas Lacho nunca descobriu isso e a incrivelmente doce e saborosa experiência sem dúvida permanece simplesmente um milagre para ele. Pode ser que fuçando atrás do cenário você descubra que todos os milagres são feitos de pasta de amêndoa e fome. Não importam os ingredientes, a habilidade de produzir milagres é um talento miraculoso. Esse era o papel que Alejandro tinha escrito pra si mesmo. A questão de A Montanha Sagrada não era tanto a produção de um filme, mas a produção de mudanças na consciência das pessoas que o estavam fazendo.

“Esse filme é minha própria busca por iluminação”, Alejandro disse. “Eu quero ser um Mestre. Eu penso em como é ser um Mestre. Eu leio sobre como é ser um Mestre. Eu me visto como um Mestre. Eu ajo como um Mestre. Eu me torno um Mestre”.    

O trabalho de Alejandro não agrada a todos os gostos. El Topo encontrou grande acolhida entre jovens intelectuais hippies (como talvez A Montanha Sagrada vá encontrar) porque era genuinamente diferente e obscuro, o perfeito veículo para um novo cult. Como The Wasteland, o pastiche simbolista de T. S. Eliot, ou o Ulysses de Joyce, ele era repleto de ingredientes para análise e interpretação, como se criado especialmente para teses acadêmicas, ensaios e conversas inteligentes. Era algo de que se falar. Ao mesmo tempo havia uma grotesca sátira por baixo disso tudo que era sempre hilária.   

Alejandro confrontou suas platéias com tudo que elas não queriam ver, não apenas desvios sexuais e violentos, mas o grotesco, o feio e o esquálido – todo o mundo que não aparece nos filmes convencionais, não aparece em Fellini, não o mundo das borboletas, mas das traças. Para algumas pessoas, ver El Topo foi um ato de purificação, purgando normas estéticas que pareciam racionais mas eram na verdade preconceito artístico.  

Uma tarde durante a filmagem de A Montanha Sagrada, Alejandro parou para uma entrevista. A locação era em Nacaulpan, uma zona industrial que buscava combinar todas as brutalidades da linha de montagem com as imundices não reconstituídas da Idade das Trevas. Assim que o gravador foi ligado, o barulho de uma ventoinha começou bem atrás dele. Alejandro se recusou a ir para um lugar mais calmo. “Por que esse lugar feio, o barulho, a sujeira, as moscas?”, perguntaram-lhe. “Não temos lugar feio”, Alejandro respondeu. “Não temos barulho. Não temos moscas. Um significado muito estranho, essas moscas. Nas jóias egípcias eles usam moscas. Era um animal sagrado. Acho que se você matar todas as moscas, o mundo vai acabar. Por que ela está aqui, eu não sei, mas eu acho que ela tem um significado sagrado para a ecologia. Toda mosca é uma abelha, porque está fazendo seu próprio tipo de mel. Talvez seja cocô. Não sei. Mas para ela isso é mel.”     

“Você não deve odiar as moscas.
Você não deve odiar o lugar feio. Você não deve odiar o barulho. Qual a diferença entre barulho e música? A musica só é diferente porque tem pequenos momentos de silêncio. Se você tem o silêncio contigo, você não tem barulho, porque você põe todo o barulho no seu silêncio e faz música. Quando há luz dentro de você, toda feiúra se torna uma obra-prima.”

Pode ser que esse pequeno sermão pareça apenas charmoso e fácil, um exercício de Pollyanna, mas quando você ouve a fita algo muito curioso e convincente acontece. O ruído da ventoinha persiste. Ainda assim, por um momento, há uma espécie de pausa profunda, uma breve calma, uma estranha harmonia.  

O trabalho de Alejandro e seu sucesso podem talvez se explicar como manifestações da revolução psicodélica. Durante a década passada o mundo parece ter sido dividido em dois grupos mutuamente opostos – aqueles que tomaram LSD e aqueles que não. A principal platéia de Jodorowsky é encontrada em meio àqueles que tomaram ácido, não uma única vez, mas repetidamente. Há um tipo de sincronia satisfatória na relação entre esse fato e a percepção de que a revolução psicodélica começou no México quando Timothy Leary  comeu os cogumelos mágicos à beira daquela piscina em Cuernevaca. Tem havido um grande retorno à arte, às idéias e à cultura da América que existia antes da Conquista, a América dos deuses de milho e do cogumelo alucinógeno e do Índio nativo. O México é um dos grandes centros daquela cultura e os filmes de Alejandro Jodorowsky são eminentemente mexicanos. Somente nesse contexto você pode realmente começar a entender sua violência. Há uma apaixonante obsessão com a dor e a morte no México.      

Quando El Topo foi montado pra ser mostrado no México nenhuma das cenas violentas foi retirada, mas uma meia-hora de insinuação política e sexual foi censurada. De acordo com Sam Askenazy, o editor de entretenimento do The Matrix City Nova, um jornal em língua inglesa, Alejandro, que financiava seus filmes com recursos próprios, tinha permissão para agir por conta do investimento estrangeiro que ele levou ao país. “Eles admiram sua coragem”, ele disse. “É uma coisa meio macho. Nenhum dos outros produtores tem colhões. 

Na comunidade intelectual americana, há uma certa impressão de que muito da loucura de Alejandro não deve ser levado a sério, seu simbolismo é apenas superficial, sem profundidade, uma artimanha qualquer. Isso não é bem a verdade. Virtualmente, cada frame em A Montanha Sagrada é o produto de uma elaborada pesquisa. Cada um dos nove personagens principais representa um planeta, e tem todas as qualidades mitológicas e astrológicas a ele associadas. É verdade, contudo, que se não houvesse nenhum simbolismo particular por trás de seus efeitos, Alejandro poderia prover alguns. 

Uma bela tarde no final de Junho de 1973, a imagem em Technicolor de uma das montanhas do México cobertas de neve persistiu longamente na tela de uma pequena sala particular não muito longe do Times Square, e então começou a se fundir no branco que ficava cada vez mais brilhante, até que não havia mais quadro algum, apenas a luz brilhante. “O que há para dizer?”, Alejandro anunciou alegremente quando as luzes se acenderam. “É fantástico! Parece uma produção de $10 milhões”. Era fantástico e de fato parecia uma produção de $10 milhões. Um pouco depois, Alejandro vagou pela Sétima Avenida de mãos dadas com uma garota alta e de cabelos castanhos. No dia seguinte ele ia a Bahamas visitar Valerie. Eles estavam então casados. Em cerca de uma semana, talvez ele fosse a Denver ficar num chalé nas montanhas. Ele pensava em fazer seu próximo filme The Story of O. Não havia pressa em decidir. Estava completamente livre. A Montanha Sagrada estava terminado. Alejandro Jodorowsky flutuou pela cidade.      

De volta à sala de projeção, a cópia de A Montanha Sagrada já estava guardada na lata esperando que o correio aéreo a levasse de volta a Hollywood, onde ajustes finais no som, nos cortes e nos créditos seriam feitos. Então o processo de fazer cópias adicionais começaria. Em dezembro, A Montanha Sagrada seria distribuído. Não havia forma de prever o que os críticos falariam do filme. No cair da noite, A Montanha Sagrada estava voando, em piloto automático. Toda a mágica tinha sido feita. Agora o processo mecânico de visão começava. Como uma semente no estômago de um pássaro, a cópia final de A Montanha Sagrada rumou para seu destinado espaço de germinação. Em alguns dias, folhas de luz balançariam na árvore da consciência. Mas, naquele momento, as nuvens de fumaça fabricadas pelo avião somavam mais um resíduo de poluição à antes transparente estratosfera.  


Extraído  da revista Contracampo  http://www.contracampo.com.br/90/artjodosiegel.htm

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Fotos com Moedas de Ouro e as Três Velhas
















Dia de agradecimento!!!! Dar moedas de ouro pro Alejandro lavou minha alma! E ainda poder entregar o programa da peça: As Três Velhas.... indescritível!













Fotos do Jodorowsky no Chile



















Fotos tiradas durante o Cabaret Místico no Teatro Caupolican.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Mantra coletivo

Momento de muita emoção no Teatro Caupolican. Alejandro pediu para que as 4.000 pessoas que estavam no teatro cantassem pela paz do planeta. Esse som ainda reverbera em minha alma!

Vídeos de Jodorowsky no Peru - Lima

Essa série de vídeos ficou maravilhosa, dá pra sentir o gostinho de estar na presença de Alejandro. São 11 partes, posto aqui uma, as demais é só acompanhar pelo YouTube. Aproveitem!


segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Alejandro Jodorowsky no Chile Taller de Metagenealogia



Este ano tive a oportunidade de encontrar novamente com Alejandro Jodorowsky. Sempre que falo sobre esse encontro sinto que o diminuo, pois a apresença, é algo que somente a poesia chega perto de descrever.Encontrar-me com Jodorowsky é Psicomágico!!!!!
Postarei os vídeos refente a esses econtros, aguardem!!!!!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Pomas em gesto

Nesses dois vídeos Jodorowsky apresenta e comenta alguns Mudras, que são gestos sagrados e simbólicos relacionados aos Budas.







terça-feira, 9 de agosto de 2011

Poema



Viaja de ti até ti mesmo, tratando de ser o que será.

A única maneira de avançar é extrair a voz da palavra, extrair o ato da intenção,

extrair o amor do apego e o desejo de seu objeto imaginário.

Penetrar o diâmetro do túnel da mente, perdendo mil e uma peles, não ser este nem o outro, uni-los em um só circulo, buscar a visão oculta atrás da visão.

De olho em olho ascender até a última consciência

O artificial é levado pelo vento, como um enxame de pétalas.

Então circulará em suas veias o licor das entranhas cósmicas.

Arruinando os cegos, integrando os bosques nus à árvore encouraçada.

Sua pátria será somente as pegadas de seus pés descalços e sua idade, a idade do mundo.

Enquanto tiver em sua frente uma definição, nunca mais em seu peito a víbora da inveja.

Nunca mais entre as suas pernas o desejo de um corpo sem alma.

Elegerá por caminho o impalpável nevoeiro.

Vencerá o espelho que compara.

Demolirá a pirâmide de ancestrais que leva incrustada em suas costas.

A ascensão e a queda se amalgamam.

Os olhos que vêem por fim se vêem.

Prazer incessante, orgasmo eterno, silencio que é a soma de todas as músicas.

Deus como um espinho de arvore gira sobre a palma de sua mão.

Te integras à espiral de astros.

No umbigo do mundo sua alma se banha.

Cada um de seus fios de cabelo se amarram no céu.

Uma nuvem plena de chuva colorida alimenta o choro de seu êxtase.

Floresce em sua boca uma árvore branca e negra.

Seus dedos traçam hieróglifos de fogo.

Este é o momento em que os limites se abrem

Como as pétalas de uma flor que cresce nos pântanos.

O que foi uma senda negra se espatifa em raios de luz.

Terminam as fronteiras, as definições ficam esfumaçadas.

Ninguém pode se comparar ou julgar.

Calma eterna.

Os Egos ilusórios deixam de ser ilhas e se entregam ao êxtase do coração único para se dissolverem em grandes batimentos de amor.

A fragrância de cada ser zomba das idéias cristalizadas.

O calor essencial dos sentimentos afetuosos.

Estrela brilhante dos atos bondosos.

O inesquecível tremor da paixão, isso é eterno.

Não vem, nem vai, é uma carícia daquilo que sempre é.

Quero que essas palavras beijem seus olhos.

Que a planta de seus pés acaricie o solo onde estão.

Que seu corpo desenhe no ar labirintos sagrados.

Nada é inútil, tudo serve para alguma coisa.

Uma busca que só pode terminar quando nos convertermos no que buscamos.

O filosofo se converte na verdade.

O artista se converte na beleza.

O nadador se converte na água

O poeta abre uma porta em seu poema.

Possa uma água sem fim inundar a sua memória

Que os ossos do crânio se cubram de palavras sagradas.

Que no lugar de dinheiro se troquem mariposas brancas.

Cada instante é a proa do tempo total

Esse instante é o momento eleito

Hoje a eternidade.

Seu corpo é infinito.

Seu eu é a divindade.

Abdica da memória.

Que o mundo dos gananciosos se torne invisível

Sente ternura por cada mente que se despreza

Seja como uma arvore que toma a forma do canto dos pássaros que a habitam.

Mãe e pai nosso que estão na terra e no céu.

Purifica e santifica nossos nomes

Façamos parte de seu reino

Faça sua vontade no nosso corpo como no nosso espírito

A consciência prometida para o futuro nos dê hoje

Recompense nossos esforços, assim como nós recompensamos os nossos colaboradores.

Nos dê entusiasmo para que continuemos a fazer o bem

Porque é paz, a bondade e o amor nesta hora eterna, amém.



segunda-feira, 8 de agosto de 2011

As Três Velhas de novo em Sampa!





Volta pra São Paulo a maravilhosa montagem de As Três Velhas, peça escrita por Alejandro Jodorowsky e dirigida por Maria Alice Vergueiro.
Já tinha assistido em sua primeira temporada aqui no CCBB, mas a proximidade do palco no Galpão do Folias, deixou tudo ainda mais intenso.
Além de dirigir, Maria Alice está em cena, acompanhada de Luciano Chirolli e Danilo Grangheia. Os três nos contuduzem a um grande circo emocional, de risos leves, gargalhadas, angústia e leveza, tudo com muita intensidade e extrema sintonia. É um espetáculo impredível, forte e como toda boa obra de arte, nos conduz àquele instante de contato com Deus. Alimento pra alma, corpo e mente!!!!! Harmonizado com refrigerante Lulu!!!!!



Para ler entrevista com Maria Alice Vergueiro, clique aqui.




Sinopse


Duas marquesas decadentes, octogenárias, Melissa (Luciano Chirolli) e Graça (
Danilo Grangheia), vivem em uma mansão em ruínas, devastadas pela fome e pelo abandono, sempre vigiadas pela centenária criada Garga (Maria Alice Vergueiro). Como numa fábula, uma única noite de assombrosas revelações familiares transformará para sempre a história dessas estranhas figuras. Riso e tragédia se misturam em um gênero inesperado, batizado pelo próprio autor, Alejandro Jodorowsky, de melodrama grotesco.

SERVIÇO:

As Três Velhas, de Alejandro Jodorowsky

Direção:Maria Alice Vergueiro

Data:de 29 de julho a 11 de setembro

Local:Galpão do Folias

De Quinta a Sábado às 21h30min

Domingo às 19h

Valores dos Ingressos:Quintas e Sextas – R$ 30,00 e R$ 15,00

Sábados e Domingos – R$ 40,00 e R$ 20,00

Endereço:Rua Ana Cintra, 213

Número de lugares:99

Classificação indicativa:18 anos

Informações:(11) 3361-2223